Blue Exorcist: O Mestre da Terra

Após a destruição da entidade demoníaca nas cavernas, Keyon deixou o local com a sensação de um trabalho bem feito, mas também ciente de que ainda havia muito a ser feito. Ele caminhava por uma trilha estreita, que serpenteava pelas montanhas até a Academia Vera Cross, seu ponto de descanso e base para as missões. O sol estava baixo no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e roxo, enquanto as sombras da noite começavam a tomar conta da paisagem.

O caminho era pacífico, sem nenhum sinal de perigo à vista, mas uma sensação estranha persistia em seu peito. Não era uma simples intuição. Ele podia sentir as mudanças sutis na energia ao seu redor – o ar mais espesso, o silêncio incomum das criaturas da floresta, e a sensação de que algo estava se aproximando.

Keyon parou por um momento, seus sentidos aguçados. Ele havia enfrentado muitos demônios e espíritos durante sua vida, mas a sensação que o envolvia agora não era familiar. Algo estava prestes a acontecer. O som do vento que antes parecia suave agora se tornava carregado, e ele podia ouvir a batida do seu próprio coração, forte e regular, como se o universo ao seu redor estivesse esperando.

De repente, uma explosão de energia cortou o ar. Um rugido distante ecoou pelas montanhas, e uma onda de pressão fez Keyon se agachar instintivamente. O chão tremeu sob seus pés, e pedras começaram a rolar montanha abaixo.

Antes que ele pudesse reagir, algo se moveu rápido em sua direção. Algo... humano? Não. Não havia uma aura humana. Keyon fechou os olhos por um segundo, sentindo uma onda de calor vindo de trás dele.

— Atrasado demais para perceber, não é, meio-demoníaco? — A voz, profunda e distorcida, cortou o silêncio. A figura apareceu à frente de Keyon, emergindo das sombras da floresta com uma rapidez sobrenatural.

Era um demônio, mas não um qualquer. Ele tinha uma aura de destruição, uma força esmagadora que fazia a atmosfera ao redor pulsar com uma energia ameaçadora. Seu corpo era musculoso, coberto por uma pele escura como carvão, com tatuagens místicas brilhando em suas costas, e olhos que queimavam com chamas infernais. Ele carregava uma espada longa, cuja lâmina parecia absorver a luz ao seu redor, distorcendo o espaço com cada movimento.

Keyon, rapidamente, sentiu a pressão de sua presença. Este não era um demônio genérico; ele estava lidando com algo mais formidável, mais astuto. O demônio sorriu de maneira cruel, como se soubesse que havia capturado sua presa em uma armadilha cuidadosamente planejada.

O demônio se lançou para frente, com uma velocidade que quase fez o ar vibrar. Mas Keyon, com seus reflexos aguçados, invocou um muro de pedras que se ergueu do solo, bloqueando o ataque. A espada do demônio cortou a barreira com facilidade, mas Keyon não estava parado. Ele saltou para o lado, evitando o golpe fatal.

— Você acha que pode escapar, meio-demoníaco? — O demônio riu. Ele levantou a espada e a cortou no ar, gerando uma onda de energia que rasgou o espaço à sua frente, como se a própria realidade estivesse sendo distorcida.

Keyon invocou mais terra, criando uma série de escudos e lançando uma chuva de rochas em direção ao inimigo. Mas o demônio simplesmente os destruiu com movimentos rápidos e precisos, como se fosse uma extensão de sua própria vontade.

— Deixe-me te ensinar o verdadeiro poder demoníaco, — disse o demônio, seus olhos ardendo com uma fúria crescente. — Eu sou Galtor, um general da legião das Sombras. E você, como meio-demoníaco, é um insulto à nossa existência.

A expressão de Keyon endureceu. Ele sentia uma pressão maior agora – não apenas pela força do inimigo, mas pela verdade implícita nas palavras do demônio. Ele sabia que algo muito maior estava em jogo. A legião das Sombras não era uma organização comum. Seus membros eram conhecidos por caçar exorcistas poderosos e espalhar o caos por onde passavam. Se Galtor estava aqui, isso significava que alguém o havia enviado para caçá-lo.

Keyon não hesitou. Ele precisava acabar com isso rapidamente. Ele concentrou sua energia demoníaca em suas mãos, sentindo a terra vibrar sob seu comando. O solo ao seu redor se abriu, criando uma fenda que engoliu o próprio ar.

— Invocação da Terra Sagrada! — Keyon gritou, suas mãos erguidas para o céu. Do fundo da terra, uma figura colossal emergiu. Era uma criatura de pedra e raízes, um golem de proporções titânicas que se formou diante de Keyon, com olhos brilhando como pedras preciosas.

Galtor olhou surpreso, mas não intimidado. Ele avançou para o golem, sua espada cortando o ar com uma força avassaladora. A batalha estava apenas começando, e Keyon sabia que, para derrotar esse inimigo, ele teria que usar mais do que apenas sua habilidade com a terra.

Enquanto o golem e Galtor travavam um combate brutal, Keyon rapidamente fez uma análise de sua situação. Ele precisava de mais do que um golem – ele precisava de algo que ultrapassasse os limites do controle elemental. Ele se concentrou, sentindo sua energia demoníaca e humana se fundindo dentro dele.

— Ressonância da Terra Profunda. — Ele sussurrou para si mesmo, ativando a habilidade mais arriscada e poderosa que possuía.

O chão tremeu violentamente, e uma onda de energia se irradiou de Keyon, aumentando sua presença no campo de batalha. As pedras ao seu redor começaram a se mover, moldando-se em formas novas e poderosas. Ele havia invocado a verdadeira essência da terra, conectando-se com sua linhagem demoníaca para transformar o ambiente à sua volta. Ele sentiu a conexão com o poder ancestral, como se a própria terra o estivesse apoiando.

Com uma força imensa, ele lançou um ataque direto contra Galtor, criando um gigantesco muro de rochas que desabou sobre o demônio, esmagando-o com um estrondo ensurdecedor. Mas a batalha estava longe de terminar. O demônio, ainda com vida, se ergueu das ruínas, mais enfurecido do que nunca.

— Você é mais forte do que eu imaginava, meio-demoníaco... Mas não vai sair vivo daqui! — Galtor gritou, sua espada incendiando-se com uma energia pura e destrutiva.