Blue Exorcist: O Mestre da Terra

Chapter 3: Capítulo 3: Sombras na Terra



Keyon caminhava pela estrada de terra batida que serpenteava até a vila. O vento frio da manhã balançava suavemente os galhos das árvores ao seu redor, mas havia algo estranho na atmosfera. Um silêncio inquietante pairava, como se o próprio ar estivesse segurando a respiração. Ele ajustou sua capa, sentindo a familiar energia de sua linhagem demoníaca pulsar levemente dentro de si, como uma fera à espreita.

A missão, explicada com o habitual tom enigmático de Mephisto, parecia simples na superfície: investigar e neutralizar um grupo de demônios genéricos que haviam se instalado na vila. Mas Keyon sabia que nada envolvendo demônios era tão simples.

Conforme se aproximava, ele começou a perceber sinais de anormalidade. Árvores caídas com cortes estranhos, como se algo as tivesse arrancado de dentro para fora. Pássaros mortos ao longo do caminho, suas penas manchadas de uma substância escura que lembrava sangue coagulado.

Keyon parou e tocou o chão com os dedos, fechando os olhos. Ele sussurrou uma curta invocação, e uma onda de energia atravessou o solo. Com seu controle sobre a terra, ele podia sentir os movimentos e vibrações ao seu redor como um radar.

— Três quilômetros à frente — murmurou para si mesmo. — Um grupo pequeno, mas... há algo mais profundo.

Ao entrar na vila, a sensação de desconforto aumentou. As casas eram simples, de madeira envelhecida, mas muitas estavam abandonadas, suas portas abertas, janelas quebradas. Algumas pessoas ainda permaneciam, mas seus rostos estavam pálidos, os olhos arregalados e vazios.

Uma mulher idosa, segurando um rosário com força, se aproximou hesitante.

— Você... é o exorcista?

Keyon assentiu.

— Keyon Arks. Estou aqui para ajudar. Pode me dizer o que aconteceu?

A mulher olhou ao redor, como se temesse que algo a estivesse escutando, e sussurrou:

— Eles vieram há uma semana. No início, eram pequenos, sombras rápidas nas noites. Mas então... cresceram. Eles atacam as casas, levam quem tentamos proteger. Ninguém volta.

Keyon franziu o cenho.

— Quantos moradores ainda estão aqui?

— Poucos. Estamos tentando sobreviver, mas as noites são... impossíveis.

Ele colocou uma mão reconfortante no ombro da mulher.

— Eu cuidarei disso. Reúna as pessoas em um lugar seguro e não saiam até eu dizer que é seguro.

Keyon caminhou pela vila, seus olhos atentos a cada detalhe. Ele parou ao lado de uma casa parcialmente destruída, onde o chão estava repleto de marcas de garras. Ele se agachou e estudou as marcas com cuidado.

— Garras de demônios genéricos, mas há algo errado... — murmurou.

Keyon estendeu a mão e invocou um pequeno golem de terra, uma criatura que ele usava como explorador.

— Encontre o ponto de origem deles — ordenou.

O golem mergulhou no solo, deixando Keyon sozinho. Poucos minutos depois, ele sentiu uma vibração através do chão. O golem havia retornado com informações. Keyon fechou os olhos e se concentrou, recebendo as imagens transmitidas pela criatura: uma caverna próxima à vila, envolta em energia demoníaca.

Sem perder tempo, ele seguiu até o local. O caminho era tortuoso, cercado por vegetação densa, mas sua habilidade com a terra o ajudava a abrir passagem facilmente. Quando finalmente alcançou a entrada da caverna, ele parou, sentindo a energia demoníaca mais forte do que nunca.

— Então, é aqui que vocês se escondem.

Ele deu um passo à frente, mas assim que cruzou a entrada, foi atacado por três demônios genéricos. Eram criaturas de aparência grotesca, com corpos esguios e pele cinzenta. Seus olhos brilhavam em vermelho, e suas garras afiadas refletiam a pouca luz que penetrava na caverna.

Keyon respirou fundo, deixando sua energia demoníaca fluir um pouco. Seus olhos ficaram brevemente com um brilho avermelhado enquanto ele invocava uma lança de pedra do chão.

— Vocês escolheram o alvo errado.

O primeiro demônio avançou, mas Keyon já estava preparado. Ele girou a lança em um movimento fluido, cortando o demônio ao meio com um único golpe. O segundo atacou pelas costas, mas Keyon levantou uma barreira de pedra no último segundo, fazendo a criatura colidir com força.

— Patéticos.

Antes que o terceiro demônio pudesse reagir, ele invocou estacas de terra que saíram do chão e perfuraram a criatura, imobilizando-a. Keyon caminhou até ela, olhando diretamente em seus olhos.

— Quem está liderando vocês? Por que estão atacando a vila?

A criatura soltou um grunhido baixo, mas não respondeu. Keyon estreitou os olhos e deixou sua energia demoníaca aumentar, criando uma aura opressora.

— Fale. Agora.

Finalmente, a criatura sussurrou uma palavra:

— Aquele que dorme nas profundezas...

Antes que pudesse dizer mais, o corpo do demônio começou a se contorcer. Uma energia escura saiu de seus olhos e boca, e em segundos, ele se desintegrou.

Keyon deu um passo para trás, surpreso.

— Isso é novo.

Ele olhou para o fundo da caverna, onde uma escuridão pulsante parecia chamá-lo. Algo maior estava por trás desses ataques, algo que ele não esperava encontrar em uma missão aparentemente simples.

Antes de avançar, Keyon retornou à vila para se certificar de que os moradores estavam seguros. Ele reuniu os sobreviventes na igreja local, onde a barreira de proteção da academia ainda estava ativa.

A mulher idosa de antes se aproximou novamente.

— Você enfrentou os demônios?

Keyon assentiu.

— Apenas o começo. Há algo maior escondido naquela caverna.

Ela segurou suas mãos com força, seus olhos cheios de medo e esperança.

— Por favor, salve nossa vila.

Keyon olhou para ela com determinação.

— Eu prometo.


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