Chapter 1: Capítulo 1: O Chamado dos Mundos
O sol pálido surgia no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e dourado. A brisa fria da manhã cortava o ar enquanto Leonhardt Evernore Ashcroft estava sentado à beira de um penhasco. Era um local remoto, esquecido por mapas, cercado por vastas florestas que pareciam abraçar o infinito. Ele havia escolhido aquele lugar por uma única razão: sua conexão com o espiritual era mais intensa ali. Era como se o tecido entre os mundos estivesse mais fino, permitindo que ele puxasse tesouros de realidades distantes.
Seus olhos, um cinza profundo com faíscas azuladas, refletiam uma mistura de determinação e cansaço. Havia se passado seis meses desde que ele havia descoberto sua habilidade única: Fishing in the Ten Thousand Worlds. Durante todo esse tempo, Leonhardt vinha explorando o alcance e os limites desse dom, mas os resultados eram... modestos, para dizer o mínimo.
Ele já havia pescado uma variedade de itens, desde espadas comuns a talismãs mágicos que brilhavam por alguns segundos antes de perderem sua energia. Certa vez, ele havia pescado uma habilidade menor de cura, útil para tratar ferimentos superficiais, mas nada extraordinário. Para Leonhardt, que carregava um nome tão grandioso, tudo parecia insuficiente.
— Talvez hoje seja diferente — murmurou para si mesmo, suas palavras sendo levadas pelo vento.
Ele segurava firmemente a vara de pesca espiritual, um objeto que materializava quando ativava sua habilidade. Era uma criação etérea, formada de energia azul reluzente, com detalhes intrincados que pulsavam com uma luz suave. À frente dele, o portal espiritual estava aberto, um vórtice de cores dançantes que pareciam hipnotizar quem olhasse por muito tempo.
Leonhardt fechou os olhos, sentindo o fluxo das energias ao seu redor. Pescar nesse mar de universos exigia mais do que força ou técnica; era necessário estar em sintonia com a vastidão do desconhecido. Ele concentrou-se, respirando profundamente, enquanto lançava a linha no vórtice.
Os minutos passaram lentamente. O som do vento e o farfalhar das folhas preenchiam o silêncio enquanto ele esperava. Cada vez que pescava, Leonhardt experimentava uma sensação estranha, como se estivesse mergulhando sua alma em um oceano infinito, cheio de segredos que não podiam ser compreendidos completamente.
Dessa vez, no entanto, algo parecia diferente. A linha espiritual tremeu ligeiramente, quase imperceptível, mas o suficiente para chamar sua atenção. Ele segurou a vara com mais firmeza, sentindo a resistência do outro lado.
— Vamos ver o que você é... — murmurou, puxando a linha com cuidado.
O portal começou a brilhar intensamente, e o ar ao seu redor ficou pesado, carregado de uma energia que fazia os pelos de sua nuca se arrepiarem. Algo poderoso estava vindo. Ele podia sentir.
A resistência na linha aumentou, exigindo mais força e foco. Leonhardt cerrou os dentes, puxando com toda sua determinação. Aos poucos, uma forma começou a emergir do portal: uma esfera negra pulsante, cercada por filamentos vermelhos que pareciam veias vivas.
Assim que a esfera atravessou completamente o portal, uma onda de energia varreu o local, derrubando árvores próximas e criando um eco profundo que parecia vir das profundezas da terra. Leonhardt mal teve tempo de reagir antes que a esfera se desfizesse em milhares de fragmentos luminosos, que voaram em direção a ele.
Cada fragmento penetrou seu corpo como agulhas, e ele sentiu um calor intenso se espalhando por suas veias, seguido por uma dor lancinante. Leonhardt caiu de joelhos, ofegando enquanto segurava o peito. Sua mente foi inundada por imagens, memórias de outro mundo, e o nome de um ser poderoso ressoou em sua mente: Muzan Kibutsuji.
Ele viu cenas de destruição, uma criatura que parecia um homem mas era algo muito além disso. Um rei fantasmagórico, imortal e implacável. Mas havia algo diferente. As memórias que fluíam para Leonhardt não pertenciam a Muzan em sua forma original. Eram uma versão aprimorada, livre das limitações que o prendiam à sua antiga existência.
Quando a dor finalmente cedeu, Leonhardt ergueu-se lentamente, sentindo seu corpo vibrar com uma energia nova. Ele olhou para suas mãos, que agora estavam envoltas por uma aura escura, como sombras líquidas.
— O que... é isso? — ele sussurrou, ainda atordoado.
Os próximos dias foram um turbilhão de descobertas. Leonhardt percebeu que não era mais o mesmo. Sua força física havia aumentado exponencialmente, assim como sua velocidade e reflexos. Ele descobriu que podia curar ferimentos em questão de segundos, regenerando até mesmo cortes profundos como se fossem arranhões.
Mas o mais surpreendente foi a habilidade de criar subordinados. Em um momento de curiosidade, ele experimentou usar sua nova energia em uma mulher chamada Selene, uma pianista que havia perdido a vontade de viver após um acidente que destruiu suas mãos. Ao tocá-la, ele sentiu sua energia fluir para ela, transformando-a em algo novo.
Selene despertou como uma Neo-Ghost, sua aparência radiante e sobrenatural. Suas mãos, antes inúteis, agora eram armas mortais, capazes de manipular ondas sonoras com precisão letal.
— Obrigada... — ela sussurrou, com lágrimas nos olhos.
Leonhardt não sabia o que responder. Ele havia dado a ela uma nova vida, mas ao mesmo tempo, sabia que estava moldando o mundo à sua imagem, algo que podia trazer consequências inimagináveis.
Enquanto Selene experimentava suas novas habilidades, Leonhardt voltou ao penhasco onde tudo havia começado. Ele olhou para o horizonte, sentindo-se mais poderoso do que nunca, mas também ciente de que havia muito mais por vir.